Grupo cultural indígena celebra união dos povos com ritual e dança parixara na Expoferr Show 2023

Como forma de reforçar a união entre os povos de Roraima, a Sepi (Secretaria dos Povos Indígenas) ofereceu ao público da 42ª Expoferr Show (Exposição-Feira Agropecuária de Roraima), neste sábado, 18, um momento de confraternização com música e dança típicas de etnias originárias do Estado.

Na última noite do maior evento agro de Roraima, o Grupo Indígena Kapoi realizou uma demonstração da dança parixara, dando boas-vindas e abençoando os presentes no evento. Também foi realizado um ritual de purificação e defumação de incenso pela pajé Vanda da Silva Macuxi.

A celebração ocorreu no espaço “Anna Komanto Yewî – Nosso Jeito de Viver”, um destaque da Sepi que promove o desenvolvimento sustentável e faz parte da Rota do Agro na Expoferr Show. A área concentra exposições de artesanato indígena, estande que simula uma construção caseira com fogão à lenha, forno de torrar farinha e atividades da agricultura e da pecuária sob a perspectiva dos povos originários. “Essa nossa dança chama-se parixara, [e serve] para trazer alegria para o povo. Cantamos na língua wapichana, mas também tem em macuxi. Nós também cantamos para adorar a natureza, nosso Deus. E a defumação é para espantar o mal e os espíritos ruins, para curar a pessoa e trazer saúde“, explicou o tuxaua Nelson Martins Wapichana sobre o ato.

O secretário da Sepi, Terêncio Tadeu Lima, afirmou que o ritual foi um momento guardado para a última noite da Expoferr Show. “É uma proposta do governador Antonio Denarium de integrar o Governo com os povos indígenas. O fato de o espaço ser chamado de ‘Nosso Jeito de Viver’ é uma demonstração do que acontece nas comunidades indígenas. A casa de palha, que é a residência do indígena, o forno de torrar farinha, o beiju, o pé-de-moleque, o fogão a lenha, tudo resgata a cultura e o que acontece dentro de uma comunidade”, disse.

A enfermeira Neide Santos participou do momento e relatou que chegou a se emocionar com o cântico do parixara, que a recordou da avó, que era da etnia macuxi. “É muito bonito. É um som que mexe comigo porque eu ouvia sempre da minha avó quando visitava ela morava no interior. E a gente nem precisa entender a língua que a música é cantada, a gente sente que é para unir as pessoas. E acho que funciona, né? Todo mundo participa, dança, bate palma”, afirmou, com bom humor.

Nelson complementou que a Expoferr Show foi um ótimo momento que serviu para os não indígenas confraternizarem e conhecerem a forma de viver das comunidades, a cultura, a gastronomia e a forma que veem o mundo, incluindo nas atividades mais cotidianas, como o manejo da agricultura e da pecuária nas comunidades. “O que a gente quer é paz com todos os indígenas e os não indígenas. Então boas festas a todos os povos aqui em Boa Vista”, finalizou o tuxaua.